domingo, 5 de julho de 2009

Vamos de comboio até à Questão: T(ambém) G(ostas) de V(erdade)? III

Aquela premissa enunciada das Filosofia da Ciência, a da impossibilidade da demonstração de uma Verdade Universal nos mais variados tipos de assuntos, aparenta dizer que cada um de nós é potencialmente possuidor de Verdades Particulares. Já a versão quotidiana de nós precisa de acreditar, aderir psicológica e emocionalmente a uma visão, um grupo, um estilo de vida, posicionar-se a favor ou contra. Confiar ou não em quem me aborda. Sim ou não. Diabinho ou Anjinho. Verde-Lodo ou Amarelo-Vómito. Só. É isto que nos dão.

Portanto, a lição que nos resta retirar é a da aproximação à Verdade. Quão mais felizes seríamos se fôssemos, e chegássemos, o mais perto da Verdade que nos é possível, nos momentos certos? Decidir bem, no melhor das nossas capacidades, saber o porquê do acreditar e do agir, ter Fé. Não podemos deixar que os outros pensem por nós. As coisas importantes têm de começar a consumir-nos mais tempo. Porque é preciso tempo para investigar, estudar, observar, ler, ouvir o máximo de fontes possível. Possuímos pois um tempo finito para informar uma decisão (num esforço considerável para a pessoa) reunindo todas as perspectivas que podemos.

Qual seria então o momento de nos esticarmos mais do que nunca em direcção ao Esclarecimento? Que momento escolheriam? Faria parte do quotidiano ou da religião, ou das Leis da Natureza? Quereriam saber quem matou o Sá Carneiro, se existe um Deus, se o Reinaldo anda a comer a Frankfurt? Ou estariam interessados em definir e controlar um pouco mais o vosso futuro pessoal. Sonhar um destino colectivo que ajudamos a desenhar? Se a Verdade, que é só a de cada um, vai ser cuidadosamente afinada e integrada em outras Verdades complementares, será sempre preferível, creio, expô-la em território neutro, em condições uniformes, onde cada opinião tenha o peso que merece…

Identificamos então a oportunidade mais importante e flagrante das nossas vidas. Devoramos informação de várias disciplinas, variadas fontes, autores e agentes culturais, publicações e paradigmas científicos… Tornamo-nos melhores a distinguir informação bem produzida, coerente e reconhecida, em relação àquela puramente ideológica, pseudo-científica, corriqueira ou simplesmente falsa. Não foi isto que nos ensinaram? A apanhar um mentiroso mais depressa do que, salvo seja, um coxo? As nossas opiniões estão mais articuladas e lúcidas do que nunca. E, no entanto, só podem ser melhoradas.

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