Foi o acontecimento que porventura suscitou mais comentários e discussões nos últimos dias. No nosso País, apostaria que foram produzidas mais mensagens sobre o falecimento de Michael Jackson (1958 - 2009), que sobre a marcação da data das próximas eleições legislativas.
Talvez a várias pessoas cause estranheza, tanta comoção e alarido mediáticos. Nos dias de hoje, Michael Jackson não era uma estrela, muito menos a super-estrela que fora nos anos 1980. Essa já se tinha apagado há muito, e até num momento muito preciso – quando o “Rei da Pop” foi destronado das tabelas de vendas musicais pelo “Smells Like Teen Spirit” dos Nirvana (11 de Janeiro de 1992).
Não obstante, Michael Jackson é hoje justamente recordado. Aqueles que celebram a sua vida, reconhecem o seu enorme talento e influência, que marcou a cultura de uma época e determinou toda uma linhagem subsequente de artistas, na música, na dança e no video-clip. Os trabalhos dos canais musicais transpiram particular pesar e reverência. Afinal, Michael Jackson representa o seu passado mítico, aquele que definiu e maximizou alguns dos seus parâmetros mais importantes, especialmente na configuração do espectáculo visual como elemento essencial à constelação do artista musical (incluindo o video-clip, a coreografia, o vestuário, o mega-concerto).
Em 1992, quando actuou no Estádio de Alvalade, já não era o ídolo inconstestável da juventude; e isso, ainda antes de todos os escândalos a que sou nome foi sendo associado. Dessa maneira, eu e genericamente as pessoas que ainda eram muito novas na altura, nunca chegámos a conhecer o Michael Jackson super-estrela. Apenas “ouvimos falar” sobre o seu estatuto quase mítico e nunca igualado desde os primórdios da MTV. O que lhe conhecemos da personalidade, foi já uma caricatura, a personagem trágica-cómica – de certa forma, mais simbólica da decadência que da glória do entretenimento popular Norte-Americano.
Mas a sua influência perdurou e fez-se sentir até aos nossos dias. Particularmente, a partir do final da década de 1990, com o renascimento da música popular juvenil (o teen pop) e que se prolongou pela primeira década do século XXI, no formato do r&b electrónico. Britney Spears, Justin Timberlake, Beyoncé, Kanye West, Pharell... são, em maior ou menor grau, os herdeiros do Michael Jackson dos anos 1980. E, goste-se ou não, são eles as referências da actual cultura musical popular.
São eles o legado de Michael Jackson e, é especialmente por eles, que a super-estrela é hoje celebrada.
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